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14/10/2019

16ª SEMANA DO ORGULHO LGBT+ DE SÃO LUIS



50 ANOS DE STONEWALL

No ano de 1969, aconteceu a Rebelião de Stonewall em Nova York: um tumulto que começou em um bar entre gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em confronto com policiais e que acabou se generalizando por toda uma semana de conflitos, onde a comunidade LGBT organizou um levante para resistir à opressão que vinha sofrendo por parte da segurança pública estadunidense. A luta era por liberdade de expressão. Pela primeira vez, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, não só foram às ruas mostrar quem eram, como também exigir respeito e direitos iguais na sociedade. 


ATUAÇÃO DO MOVIMENTO SOCIAL LGBT NO MARANHÃO 
E A CONSTRUÇÃO DO EVENTO

A rebelião foi um marco para a história do movimento LGBT mundial, pois, a partir disso, seguiu-se a luta pelos direitos humanos da comunidade, o que fez nascer ONGs no mundo todo e até nos dias atuais.

É por meio da atuação dessas organizações que, ao longo de cinquenta anos de história, os direitos humanos da comunidade LGBT têm atingido sucesso. Alguns desses direitos conquistados estão: a união estável entre pessoas do mesmo sexo; retificação do nome social para pessoas transexuais; uso do nome social para travestis e transexuais, criminalização da LGBTFOBIA; retirada da homossexualidade e da transexualidade do CID de doenças mentais; garantia de liberdade de expressão em vias públicas, etc.

No Maranhão, o movimento LGBT foi encabeçado pelo Grupo Gayvota (@grupogayvota), uma das principais organizações que luta por políticas públicas LGBT e que auxiliou a formação de outras organizações – como o Mlesbima (Movimento de Lésbicas do Maranhão e a AMATRA (Associação Maranhense de Travestis e Transexuais).

É em parceria com essas organizações que o Grupo Gayvota promove há 16 anos a SEMANA DO ORGULHO LGBT – eventos diversos com discussões, apresentações, simpósios, palestras, seminários, debates e a própria PARADA LGBT. Esses espaços de conversa, construção e visibilidade são valorosos para toda a comunidade LGBT+ vez que representa uma oportunidade para reunião e discussão das pautas encaminhadas para o poder público.

INSCREVA-SE AGORA AQUI


Este ano, a 16ª Semana do Orgulho LGBT+ de São Luís faz homenagem aos 50 anos de Stonewall com o objetivo de mostrar para a comunidade LGBT que todos os direitos conquistados até agora só foram alcançados graças à atuação do movimento LGBT, que a repressão ainda continua sob o prisma da política e que ainda existe negligência disfarçada de preconceito que impera na sociedade. Por conta disso, juntamente com a organização do evento, existe também a Campanha do Orgulho LGBT, que incentiva gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais a se assumirem ostentando um selo de certificação deste #OrgulhoLGBT nas redes sociais.

A SEMANA DO ORGULHO LGBT+, de 15 e 20 de outubro, está estruturada nos espaços do Convento das Mercês, Praça Nauro Machado, Cine Praia Grande e no Palacete Gentil Braga. Já a PARADA DO ORGULHO LGBT+, uma celebração de todas as conquistas da comunidade LGBT, será um momento de culminância de todas as atividades.

A festa, de cunho político e em uníssono com o que aconteceu em Stonewall há 50 anos, traz este ano como slogan SER UM ARCO-ÍRIS EM MEIO À TEMPESTADE, uma alusão de que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais precisam resistir para existir em tempos de turbulência e de opressão ditados por uma sociedade homofóbica e transfóbica.

BAIXE A PROGRAMAÇÃO AQUI

E a diretora do Clube do Livro Maranhão, Ianara Diniz, participará de um debate no dia 18/out, às 8h, no Convento das Mercês, junto aos representantes Emanuel Neto (ONG Empoderarte) e Breno Santana (UNALGBT/Fórum Estadual LGBT) sobre “empoderamento do ser diferente”. VAMOS?



VEJA ALGUNS DESTAQUES







16 ª SEMANA DO ORGULHO LGBT+ DE SÃO LUÍS
Data: 15 a 20 de outubro
Dia/Hora/Locais das Atividades
15/out – 14h00: Convento das Mercês (Abertura do evento às 14h00) 
16/out – 09h00: Convento das Mercês (Empregabilidade de pessoas LGBT no Maranhão) 16/out – 18h30: Palacete Gentil Braga (Prêmio Gayvota de Direitos Humanos)
O prêmio consiste em homenagear pessoas que atuaram durante o ano em defesa dos direitos humanos de pessoas LGBT no Maranhão.
20/out – 16h00: Avenida Beira Mar (Parada do Orgulho LGBT+ de SLZ)
Concentração às 16h em frente ao Convento das Mercês e Culminância na Praça Maria Aragão.
ENTRADA FRANCA!

PARTICIPE!

Para mais informações, consulte:
Ricardo Lima (Presidente do Grupo Gayvota)
Telefone e Whatsapp: 98 9223-7962

Lohanna Pausini
(Coordenadora de Comunicação da 16ª Semana do Orgulho LGBT+ de SLZ)
Telefone e Whatsapp: 98 8868-1307

Betinho
(Coordenador de Políticas Públicas do Conselho Estadual LGBT)
Telefone e Whatsapp: 98 8337-3336

Alderico
(Coordenador da Comissão Científica da 16ª Semana do Orgulho LGBT+ de SLZ) Telefone e Whatsapp: 98 8431-3379

26/08/2019

O ebook do clube está de volta!

“Encontro – Um Conto do Clube do Livro” é uma leitura curta que traz o universo dos encontros literários

Esta é a história de Jô, Leo, Cássio, Jordana, Petra, e outros, e sobre como cada um, de alguma maneira, precisa de algo que lhe coloque nos trilhos novamente. É no espaço de um clube de leitura, enquanto se discute literatura, que algo se transforma. Assim como acontece com os livros, ninguém sai da mesma maneira de como começou.

Entre clubistas, pessoas que ainda não conhecem o projeto e pessoas que nunca imaginariam ter um contato mais íntimo com a leitura, visitamos um espaço precioso de leitores e histórias. É uma experiência “além das páginas”, bem capturada pela Kleris Ribeiro @textosdecapa (nossa coordenadora de bastidores!), que demonstra o poder dos livros.

O conto já havia sido lançado em uma plataforma alternativa em 2018 (reveja aqui), disponibilizado gratuitamente para divulgar as atividades dos clubes literários. O retorno aos aplicativos de leitura retoma o incentivo destes espaços de lazer e discussão.

Faça parte desta história – baixe agora no seu kindle, adicione no skoob e não deixe de nos contar sobre sua leitura ♥️


O ebook pode ser lido no celular, tablet e computador, 
desde que tenha o Amazon Kindle (aplicativo gratuito)

SINOPSE

📖 “A conversa nunca é só sobre livros, é sobre a vida".

Jô precisa seguir em frente; Leo, de expandir seus horizontes, Cássio, de diminuir o ritmo, Jordana, de uma oportunidade, e Petra, de fazer diferente. Todos, de alguma maneira, precisam de alguma coisa que lhe coloque nos trilhos novamente.
Ao se encontrarem em uma roda de conversa sobre livros, alguns por serendipidade, outros por convite ou curiosidade, o bate-papo preenche seus anseios mais íntimos sem que percebam. Entre clubistas, pessoas que ainda não conhecem o projeto e pessoas que nunca imaginariam ter um contato mais íntimo com a leitura, visitamos um espaço precioso de leitores e histórias. Kleris Ribeiro acerta em cheio em demonstrar o poder dos livros e retratar as experiências “além das páginas” que podemos ter em “um dia de clube”.
É assim que esta curtaficção, ao se alinhar à realidade, mostra que os clubes de leitura são um espaço para todos. Você sai de coração quentinho e em busca de um clube para chamar de seu <3

“É envolvente, reflexivo, sensível e muito verdadeiro em retratar as diferentes perspectivas da literatura, da leitura e das relações humanas.” Talita Guimarães – autora de Vila Tulipa e Recorte!



A AUTORA


Kleris Ribeiro é beletrista, produtora cultural, redatora, leitora e diretora no Clube do Livro Maranhão. Resenha no blog @dearbookbr e escreve no IG literário @textosdecapa. É fascinada por livros, mídias, comunicação e bastidores. Mora em São Luís – MA.


SOBRE O CLUBE 
É de São Luís e ainda não conhece? Cadastre-se agora!


O Clube do Livro Maranhão é um projeto independente e sem fins lucrativos que reúne cidadãos da comunidade leitora em encontros presenciais na cidade de São Luís, capital. Através de uma confraternização com leitores, o Clube é um Ponto de Cultura, hoje reconhecido pelo Ministério da Cultura, que agrupa um público de jovens e adultos antes dispersos, incentivando, impulsionando e integrando diversas atividades culturais a partir da leitura e do entretenimento. Cadastre-se no site ou no Facebook, siga nas redes sociais @clubedolivroma, programe-se e compareça às atividades: todas abertas ao público.

01/10/2018

Mulheres contra Bolsonaro - uma experiência

Clubista participou do movimento #EleNão #EleNunca #EleJamais

Para quem não sabe, o movimento #EleNão surgiu quando mulheres decidiram se reunir contra o candidato que tem como plano de governo a intolerância. Para se ter uma ideia do tamanho do movimento, você pode conferir esses artigos da BBC Brasil e El País Brasil.

Em São Luís, não foi diferente e o #EleNão contou com uma multidão. Foi lindo, foi histórico e impactante. Confira a cobertura feita pelo Jornal O Imparcial e  Sobre O Tatame.


Como o Clube do Livro Maranhão tem como sinônimo "lugar seguro", falamos com Ianara Diniz, clubista e Assessora de Assuntos Institucionais do CLM sobre a participação dela e de sua filha Maria no movimento #EleNão em São Luís, que aconteceu no último sábado (29/09/18):



CLM: O que te motivou a participar do movimento #EleNão e a levar a sua família?

ID: O que me motivou foi exercer tudo o que prego na minha vida: amor ao próximo, respeito e tolerância. Sou totalmente contra qualquer tipo de ódio, seja ele a religião, orientação sexual ou ideologia. Ensino isso aos meus filhos. Ao aderir ao movimento #EleNão foi uma forma de colocar em prática tudo isso. Não faço parte e nem defendo partido político. Gosto de dizer que não tenho "rabo" preso com ninguém, mas depois de tantas atrocidades ditas por um candidato que almeja alcançar um cargo tão importante no nosso País e sendo totalmente contrário ao que eu prego, impossível ficar em silêncio.


CLM: Quando chegou na praça Maria Aragão, qual foi o sentimento presente?

ID: Quando cheguei e vi a organização, segurança e principalmente o espírito do evento, senti orgulho de fazer parte, principalmente por minha filha estar ali comigo.


CLM: Como foi a passeata?

ID: Sabe o que é você olhar para o lado e observar mulheres, homens, crianças, famílias, pessoas de vários partidos políticos, religiões e orientações sexuais, todos pregando o amor, querendo mudança, segurança, mas que não desejam o retrocesso, o ódio, a falta de respeito? Essa foi a passeata. Não houve incidente, acidente ou desrespeito como alguns divulgaram.


CLM: Para finalizar, qual a importância do movimento pra você?

ID: Como mãe e cristã eu tenho minhas convicções sobre o que é pecado ou não, mas o que EU creio não pode desrespeitar o OUTRO. O movimento foi uma forma de debater isso em casa, com a família e amigos, juntamente porque "direitos adquiridos" precisam ser protegidos. Como não falar de homofobia se pessoas são assassinadas cruelmente por serem gays, inclusive pela  família? Como não falar das mulheres sendo mortas pelos companheiros?
Creio que quem governa, tem que governar pra todos e se um candidato e/ou eleitores chacotam da luta contra o machismo, homo(lgbtq+)fobia, racismo, eles chacotam de quem é assassinado, abusado, estuprado, simplesmente por ser mulher, LGBTQ+ ou negro!
Eu sou contra o ódio e na minha casa eu prego o amor ao próximo, por isso: #ELENÃO #ELENUNCA.

07/07/2018

#MaranhãoDeLeitores, um movimento



Tudo começou lá em 2015, logo que entrei para a equipe do Clube e estávamos reorganizando as redes sociais do projeto; foi quando nosso perfil no instagram surgiu também. Era meio do ano, se não me engano, próximo da grande Bienal do Livro, e eu estava lendo algumas pesquisas sobre leitura, leitores, política do livro no Brasil, os booms do momento e as impressões que profissionais do mercado literário estavam registrando para auxiliar em novas ações nesse meio (o material foi compilado em uma revista online, do Itaú Cultural, e pode ser acessado aqui). Pois bem, lá se falava muito sobre um país de leitores e como podemos contribuir para isso.

Nesta época, também, tinha pra mim que deveria conhecer mais do Maranhão – onde estavam os leitores, quais eram seus interesses, o que eles conheciam, o que estava sendo produzido, etc. Muitas vezes olhamos tanto para o que está acontecendo nos outros estados, nas grandes cidades, as grandes ações culturais, que nos perdemos de nossa realidade local. E eu queria ver/viver esse movimento todo aqui, na minha cidade, no meu estado.

O Clube do Livro Maranhão (CLM), que então estava fazendo cada vez mais eventos, junto ao que era o blog Caçadora de Livros, da coordenadora e diretora Fernanda Araújo, foi a oportunidade perfeita para esse pequeno desejo – afinal, o sonho que tínhamos era quase o mesmo; juntar forças foi natural. E foi justo nessa ideia de reunir leitores, reconhecer-nos localmente, que nasceu a hashtag #maranhãodeleitores, que passou a ser demarcada em praticamente todas nossas postagens (mais utilizada no instagram).

Ao longo destes três anos de movimento, a ideia foi sendo desenvolvida por si só, pelas percepções que, junto ao Clube, fomos criando. Não se trata mais de reconhecer o leitor aqui no Maranhão ou demonstrar nossa presença como público no cenário literário nacional. Trata-se de aproximar pessoas, indicar leituras, conhecer novos livros e oportunidades. Alcançar e ser alcançado. É saber onde você encontra pessoas que tenham interesses semelhantes aos seus, que compartilham a mesma paixão e que podem trocar figurinhas. Ler, afinal, não precisa ser uma atividade solitária e os leitores hoje possuem um grande poder em mãos – a interatividade.

Por que não centralizar tudo e todos?

Apesar de já termos/sermos um clube de leitura aberto ao público, não conseguimos abordar ou alcançar tudo que gostaríamos. Para ir além de nosso propósito de reunir pessoas, buscamos reunir conteúdos sobre esse universo que tanto amamos.

Assim, nasce o grupo Maranhão de Leitores, seu/nosso mais novo point de conteúdo, onde todos podemos contribuir e conhecer mais do que há por aqui. Continue a postar #maranhãodeleitores nas redes sociais e solicite sua entrada – o grupo é fechado, com atuação apenas no Facebook.

Lá, você pode compartilhar tudo que for interesse, relevância e congruência aos tópicos do movimento – leitura, livros, leitores, publicações, escrita, ficção, cultura pop. Pode divulgar seus materiais, posts de blogs, lançamentos, sorteios, compartilhar posts de outras pessoas, novidades, notícias, projetos, ações, cursos, etc. Também pode interagir, conversar, pesquisar, pedir dicas, tirar dúvidas. Quer adicionar alguém? Adicione! A configuração de notificações fica por sua conta.

Faça parte deste movimento <3

Esperamos te ver por lá!


A cultura não faz as pessoas.
As pessoas fazem a cultura.
(Chimamanda Ngozi Adichie)


Organização Kleris Ribeiro/Clube do Livro Maranhão
Beletrista, produtora cultural, redatora, social mídia, leitora e diretora no 
Clube do Livro Maranhão. É fascinada por livros, mídias/comunicação e bastidores.
Mora em São Luís – MA.
@clubedolivroma www.clubedolivroma.com

25/03/2018

Precisamos falar sobre relacionamentos abusivos


Atendendo a pedidos, decidimos publicar o texto (integral) que foi lido pela clubista Vanessa Cristina no Clube de Março, uma contribuição da nossa coordenadora Kleris Ribeiro para o encontro; entenda o contexto aquiCompartilhe você também em suas redes sociais.


Contém spoilers do livro discutido*

  
E aí que mora o problema: quando eu percebo. Depois que a gente percebe, não dá mais pra ignorar, e começa a acontecer de a gente perceber mais ainda. 
Daniel Bovolento, Por Onde Andam As Pessoas Interessantes?

Oi, pessoal.

Estava pensando em como me “infiltrar” na conversa pra levantar umas questões importantes sobre esse livro, já que até então não tenho podido participar das reuniões com vocês *dor no coração*. A ideia da Vanessa de colaborar com um texto foi mara (OBG, Nessa , também pela leitura) e espero contribuir um pouco com algumas reflexões.

Fiz a leitura de Belo Desastre como muitos ainda no ano de lançamento, 2012, e naquela época “gostei”. Apesar do quê de clichê, ainda vi um e outro problema, porque se tem alguma coisa que podemos admitir sobre a relação Abby e Travis, gostando ou não dela, é que ela é “conturbada” – a própria sinopse é honesta quanto a isso. Lembro que também muito se questionava sobre a mocinha Abby, por aceitar as loucuras do Travis, e sobre como ela “não se resolvia”. É inegável que o Travis tem uns problemas e a história nos leva a crer que o amor vai resolver, SE a mocinha ceder. Sempre. Só isso já classifica como questionável.

Acho que nem preciso dizer que na releitura pra este mês, tudo mudou. Tem muito mais pontos complicados – e, pior, tão sensíveis que podem passar pela gente sem sequer darmos conta. Porque é assim que a relação tóxica funciona. São as coisas pequenas que fazem a avalanche acontecer. Não vou me deter aqui à relação do casal – que é abusiva e doentia, ponto – mas à personagem principal e narradora desta história, que nos mostra uma noção de realidade mega bagunçada pelas relações ao seu redor.

A autora tentou de várias maneiras nos fazer engolir o que ela, como pessoa, imagino, também engoliu. Tem algumas coisas na trama que estão ali pra cumprir um papel único (mocinha e bad boy, o garoto de ouro pra contrapor o mocinho bad doy, a mocinha que não é tão donzela, uma pessoa “boa” pra ‘consertar’ a “ruim”, passados complicados pra justificar uma e outra coisa, usar cenas de perigo pra aumentar a adrenalina, o amor sobreviver a barreiras, o cuidado e zelo das pessoas ser um alento aos amores amargos, variadas coisas e cenas pra tapar buracos da própria trama, etc) e isso tudo acaba nos levando a conflitos bem menores, esquecendo que o que deve importar é a felicidade e a liberdade da personagem/pessoa. Tudo o que Belo Desastre mostra é que a felicidade de Abby sempre vai ser condicionada. E nunca respeitada. Se posso resumir a sensação dessa releitura em poucas palavras é: quero salvar a Abby #TeamAbbyLivreEFeliz

Vamos voltar um pouco essa história. Abby cresceu em meio a jogos, apostas, dinheiro, bebidas. Praticamente foi criada pelos pais de America, sua melhor amiga. A mãe de Abby é basicamente inexistente nessa trama, já que se foca mais no pai problemático que vai atrás dela. Abby foi considerada pelo pai um “trevo de quatro folhas”, até que ela superou o próprio e ele se virou contra ela. Ou seja, ela nunca poderia ter “superado o mestre”, e por ter feito isso, iria sofrer as consequências pra sempre, porque “família é família” (outro mito), você gostando disso ou não. O Mick vai ser usado mais pra criar um conflito na cabeça dela por ser uma vaga lembrança do que o Travis pode trazer, mas que, no final, vai se mostrar “diferente” – embora esse pai também mostre como a personagem principal fica bastante vulnerável quando entra em conflito sobre o que quer e o que é socialmente “certo”. Ou seja, desde sempre ela “se ferra” porque não consegue manter uma postura. Mas, chego lá.

Para recomeçar a vida, Abby escolheu sair de sua cidade, tão marcada pela pressão que sentia do pai e das pessoas que sempre a apontavam. America, sua melhor amiga, abre mão de sua vida (?????) e segue Abby nessa jornada. O tempo todo Abby diz que não quer voltar a viver aquilo de Wichita, não quer se envolver com nada nem ninguém MINIMAMENTE parecido. Mas não é que Meri sempre encaminha ela pro lado oposto do que quer? Vamos ver: foi America que levou Abby pra luta ilegal onde conheceu Travis, foi America que quis juntar o primo de Shepley com a amiga, foi America que decidiu ficar com o namorado no apartamento e arrastou a amiga... e olha que ainda cheguei na história da aposta.

Ah, mas elas fizeram um pacto de nunca saírem sozinhas. A Meri era melhor amiga dela, queria vê-la feliz, conhecer novas pessoas. Será mesmo? E pra isso precisava passar por cima das vontades de Abby? Precisava colocá-la nas situações mais desconfortáveis? Meri abriu mão da vida dela pra ajudar a Abby. Será que a Abby deveria dever a vida por isso?

Fato é que quando se pensa em relacionamentos abusivos e/ou nocivos, costuma-se focar em relacionamentos entre casais. Mas acontece em qualquer relacionamento – amoroso, familiar, entre amigos, outros – e, bem, a gente cresceu sem saber dessas coisas. Nunca fomos treinados para saber o que é tóxico na vida. Falha da humanidade. É por agora, na era da informação, que internet, exercícios de autoconsciência, vítimas falando a respeito e militâncias têm trazido isso à tona. E preciso dizer: a Meri é um raio de pessoa tóxica! Das mais silenciosas! Há cenas e mais cenas que mostram isso. Abby várias vezes disse não a ela. E não foi respeitada.

E, por incrível que pareça, temos a Meri contando seus reais motivos de fazer o que fazia. A história não explora isso muito bem, já que quer se centralizar no romance, mas é algo a se pensar. Tem um momento que a Meri diz que sempre queria que elas ficassem juntas, cada uma com um par, e ainda melhor se esses pares delas fossem chegados, como irmãos e primos. Então America conheceu Shepley, que tinha um primo. Não importava o quão desvairado era o Travis, America empurrou isso até o fim – até mesmo responsabilizou a amiga por não conseguir “consertar” o cara. E, caraca, ela atiçava. Jogava lenha na fogueira (causava o descontrole de Travis pra provar que ele gostava da amiga e a amiga ceder), fazia chantagem emocional (com o Shepley também), acuava, coagia, não ligava pros sentimentos de Abby – se sentiria desconfortável ou não – enfim, ela simplesmente deixava acontecer. Às vezes parecia que se arrependia. Mas aí jogava a culpa na Abby.

Aliás, todo mundo joga a culpa na Abby pra tudo – pelo fim da sorte do pai, pelos conflitos e até términos de relacionamento dos outros. Há um momento que Travis bate “sem querer” na namorada e a culpa porque ela estava muito perto quando ele batia em outro cara (ou mesmo porque a Abby desobedeceu ele).

E a Abby que não faz nada, gente? Aí que tá. Infelizmente, ela dá poder às pessoas pra fazerem o que elas quiserem. Mesmo quando ela diz CLARAMENTE não. Ela não se sente capaz porque provam pra ela que ela não é capaz. Ou que é louca. Ou que não está vendo as coisas realmente. Que não está considerando os sentimentos dos outros. E ela cede. Porque, imagino, que tenha medo de decepcionar pessoas. Que ela devia suprimir o que sente, pra agradar pessoas. Porque é mais fácil do que lutar contra. Porque toda vez que ela tenta lutar, vem as pessoas que ela ama passar por cima dos ideais dela. Que a felicidade dela devia ser fazer outras pessoas felizes. E aí vem toda aquela história de se culpar a vítima (!!!!), porque é mais fácil atribuir a ela (????). Qualquer argumento que se use de medo (alusões a abandonos ou violência), vergonha (lista grande!), ou culpa (transferência de culpa principalmente), já começa errado. Pode-se dizer assim que todo mundo começou errado com Abby, desde seus pais. É de dar uma dorzinha no coração mesmo.

É interessante (e coincidente) que o Travis, em dado momento, fala: “Você está agindo como se eu estivesse pedindo pra você atear fogo em si mesma” (foi quando ele pediu pra Abby ir para a Ação de Graças da família Maddox, sendo que eles tinham terminado). E é exatamente isso: é a pessoa atear fogo em si, pra manter alguém aquecido. É sufocante. A Abby se sente sufocada várias vezes, mas não é que sempre tem alguém pra convencê-la do contrário? De que é exagero?

Não é exagero, não é frescura e não é coisa da cabeça dela. São armadilhas. Ciclo vicioso e alguns comportamentos nocivos mais silenciosos que outros. Dentre muitos, cito aqui: gaslight (manipulação pra fazer a vítima parecer louca ou incapacitada, até perder a noção da própria realidade), isca (uma provocação pra desestabilizar a pessoa), culpas irracionais, chantagem emocional, senso de direito, narcisismo (quando se crer que o outro deve servir a si porque fez algo “merecedor”), etc. Aqui falo do Travis, da Meri, do Mick (deixei um link no evento para quem quiser se informar mais). A Abby, claro, também não é essa pessoa perfeita, também teve uns comportamentos questionáveis (como só lembrar do Finch quando não estava na bolha Travis-America-Shep ou ver outras mulheres como inimigas), mas nada tão “tão” nocivo quanto outros personagens (opinião minha).

Não quero me alongar mais que isso, porque já tem páginas de TEXTÃO, então pra encerrar vou deixar aqui umas perguntinhas e uma reflexão final. 

  • Se a Abby dissesse não, permanecesse em sua posição e se negasse a fazer coisas que lhe pediam – em qualquer situação do livro – o que as pessoas fariam? Podendo ser Meri, Travis ou Mick (faça sua escolha).
  • Se a Abby fosse solidária com as ex garotas do Travis ou mesmo com outras garotas da faculdade (como sua colega de quarto, Kara), no sentido de não tê-las como inimigas, como as pessoas encarariam a opinião dela?
  • Se Abby colocasse a culpa que tanto lhe jogam no lugar certo (no da pessoa que fez errado), o que iria lhe acontecer?
  • Se Abby quisesse ter um amigo fora da roda fechada e esse amigo não fosse gay, o que aconteceria com ela?
  • Se Abby decidisse mudar de curso ou universidade, o que ou quem ela teria que enfrentar? Quem a apoiaria?
  • Se Abby tivesse escolhido o Parker ou qualquer outro carinha da universidade, o que teria acontecido com ela?
  • Por que que é ela quem sempre tem que ceder? Por que ela tem sempre que perdoar? Por que ninguém é compreensivo com ela?
  • Por que ninguém vê que ela pode resolver as coisas dela sozinha?
  • Se VOCÊ fosse a Abby e tivesse que gastar todas as suas energias pra fazer algo que quer (algo simples até) e tivesse que justificar pra Deus e o mundo, como VOCÊ se sentiria?

Outro simples exercício é escolher uma cena e inverter a situação. Se nessa inversão houver caso de sexismo (favorecendo a figura masculina), intolerância (desfavorecendo a figura feminina), difamação, incitação ao ódio ou violência, sim, é problemático. A grande questão hoje em dia é reconhecer isso. E ao reconhecer, não se desesperar, pois você não está sozinha(o) e há maneiras de melhor lidar. O que vemos na maioria dessas situações em que há um “consentimento” para uma transgressão (de espaço, de poder, de abusos), é o desejo de ser aceita, amada, respeitada. Podemos nós ter sido abusivos ou ter sido abusados, em inúmeras situações ou níveis, mas o importante é saber que somos pessoas e podemos ser suficientes. Essa consciência é que é libertadora.

É muito difícil que a vítima se dê conta que está vivendo um relacionamento abusivo. Por isso, a mulher precisa do apoio da família e de amigos que tenham uma visão de fora e percebam o que está havendo na relação. Para ajudar, o melhor é fazer a vítima entender, por si própria, que está inserida em uma relação tóxica. Uma abordagem agressiva e impaciente, que exija percepção imediata, não adianta: é necessário ajudar a vítima a se questionar e questionar sua posição dentro do relacionamento. O tratamento com um psicólogo é o método mais indicado para que uma real mudança aconteça, pois a mulher precisa compreender profundamente os problemas de sua relação para conseguir mudá-los. 
Beatriz Manfredini e Giulianna Muneratto. 
A louca não sou eu @aloucanaosoueu (instagram)

Obrigada por ler/ouvir até aqui.

Kleris Ribeiro
Coordenadora de Mídias e Bastidores no Clube do Livro Maranhão

Veja fotos do encontro!
Assista nos stories um pouco da conversa enquanto é tempo. Nos destaques do instagram @clubedolivroma, procure por “Encontros”.

Veja outras contribuições aqui
#clubedolivroma #vemproclube
#maranhãodeleitores

13/03/2018

#Indicação – Doses diárias de força no instagram



Durante o mês de março, conhecido como o mês da mulher, parece que o instagram explode (no melhor sentido da palavra) com posts de conscientização e/ou mobilização sobre empoderamento feminino. Reunimos aqui perfis que valem a pena acompanhar durante todo o ano, a fim de fortalecer diversas de nossas militâncias (pessoais ou sociais) com doses diárias de força e informação - links clicáveis. Desconstrução é o que há!
  

Empoderamento, Problematizações, Feminismo, Luta Social, Resgate

27/10/2017

Campanha LEIA. SEJA. - Participe!

Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) realiza campanha para valorizar o papel transformador da leitura, convidando toda a sociedade a compartilhar sua paixão pelos livros.


Lançada na Bienal Internacional do Livro Rio – onde estampou painéis, instalações, vídeos, e fez sucesso com modelos caracterizados circulando pelos pavilhões do Riocentro – a campanha Leia. Seja se prepara para ganhar o país no DIA NACIONAL DO LIVRO, comemorado em 29 de outubro, numa divulgação conjunta em espaços públicos, bibliotecas, lojas e plataformas virtuais, com apoio das livrarias, editoras, distribuidoras e entidades do livro.


Criada pela agência WMcCann, a campanha é protagonizada por um time de personalidades do esporte, das artes cênicas, da música e da comunicação, convidadas a incorporar personagens icônicos da literatura brasileira e mundial. O técnico de vôlei Bernardinho se vestiu de Capitão Rodrigo, de “O tempo e o vento” (Érico Veríssimo); o publicitário Washington Olivetto e a cantora Baby do Brasil fizeram Visconde de Sabugosa e Emília, de “Reinações de Narizinho” (Monteiro Lobato); a apresentadora Bela Gil virou a Capitu de “Dom Casmurro” (Machado de Assis); o ator Cauã Reymond se fantasiou do protagonista Dom Quixote (Miguel de Cervantes); e o jornalista Pedro Bial aparece como o detetive Holmes de “As aventuras de Sherlock Holmes” (Arthur Conan Doyle).




O público, por sua vez, é estimulado a postar depoimentos nas redes sociais sobre a obra ou personagem literário mais marcante de suas vidas.

Diversos autores, editores, jornalistas nacionais e internacionais 
já deram depoimentos para os perfis da campanha Leia. Seja

O conceito da ação parte da ideia de que, quando lemos, nos tornamos parte da história – ler estimula a imaginação, a criatividade e a inspiração; faz rir e chorar, refletir e viajar. Nas peças, as personalidades dão vida aos personagens, lendo trechos dos títulos escolhidos. Assim que fecham os livros, voltam a ser eles mesmos, com o semblante transformado pelo prazer e a reflexão que uma boa leitura oferece.


O grupo foi fotografado e filmado por Miro, um dos mais consagrados fotógrafos brasileiros, em cenários que remetem às obras. As imagens publicitárias serão utilizadas em anúncios impressos, mídia digital e urbana.

O Brasil precisa com urgência de uma revolução de cidadania e ética, e acreditamos que a leitura tem um papel fundamental a desempenhar nessas áreas. A campanha LEIA. SEJA. quer mostrar exemplos de pessoas reconhecidas pelo público em geral, que tiveram suas trajetórias marcadas pelos livros de diferentes maneiras, afirma Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL. Nosso desejo é que essa ação reverbere pelos meses seguintes, estimulando o hábito da leitura ao redor do país e propondo uma conscientização sobre o seu valor, completa.

Pereira comemora os passos da ação até o momento. Começamos a campanha Leia. Seja com o pé direito na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, com excelente repercussão e envolvimento do púbico. Nessa primeira fase da campanha, conseguimos alcançar mais de 1,1 milhão pessoas nas redes sociais. A partir de outubro, peças começarão a ser veiculadas e estarão decorando as livrarias de várias partes do Brasil, e contamos com o engajamento de todos nas celebrações do Dia Nacional do Livro, diz.

Cauã Reymond comenta campanha no Encontro com Fátima


Campanha Leia. Seja. nas redes sociais

Em pouco mais de um mês de presença nas redes sociais, a Leia. Seja alcançou uma média de mais de 37 mil pessoas por dia no Facebook e, no Instagram, a hashtag #leiaseja foi registrada em mais de 1.400 publicações públicas.

Com mais de 13 mil curtidas, a fanpage da campanha reúne depoimentos de personalidades e leitores sobre obras que os inspiram, além de charadas, dicas e curiosidades sobre o universo literário.

Divida sua paixão pelos livros através de seu personagem favorito. Use as hashtags #LeiaSeja e #DiaNacionalDoLivro, marque nossos perfis nas redes sociais (@leiaseja) e divirta-se! Vamos juntos celebrar o valor do livro na sociedade.



TÔ LÁ!
#leiaseja #dianacionaldolivro #vidadeleitor
#clmemtodas

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