25/04/2019

A literatura na televisão


Um pouco sobre a adaptação de livros para obras audiovisuais 


É recorrente encontrar obras literárias que fornecem personagens, tramas e enredos aos formatos televisivos. No cenário internacional, vários produtos audiovisuais vieram direto dos livros, a exemplo de Anne with an E, American Gods, The Handmaid's Tale, The Hundred, 13 reasons Why e Game of Thrones. No cenário brasileiro não é diferente: inúmeros romances deram origem à telenovelas e minisséries, como no caso de A escrava Isaura e A Casa das Sete Mulheres.
A princípio, como apontam alguns estudiosos da área da Comunicação, a adaptação de livros para TV era uma forma de divulgar obras clássicas e autores consagrados. A fidelidade à obra era cobrada: era uma forma de respeito à fonte original. Porém, a televisão (bem como seus subprodutos como séries, novelas e telejornais) desenvolveu uma linguagem própria como meio de comunicação e foi preciso se adequar às necessidades. Agora, para chegar à TV, os livros passam por um filtro de escolha de temáticas e ideias a serem abordadas pelos diferentes gêneros televisivos.


A indústria une as linguagens literárias e televisivas, mas não esquece das peculiaridades do meio de comunicação audiovisual. Cada adaptação precisa se adequar à empresa produtora e à empresa que vai transmitir os episódios da ficção seriada. Além disso, é preciso ficar atento aos diferentes horários de exibição: cada faixa de horário possui uma audiência específica. No caso de séries produzidas para serviços de streaming, que não dependem de uma grade de programação, é preciso pensar que toda e qualquer audiência pode acessar o produto a qualquer hora e lugar. Talvez essa seja uma forma de explicar por que as séries da HBO possuem cenas de sexo explícito e as da Netflix tratam esse tipo de cena de forma mais leve.


As séries adaptadas (e as originais também) são um produto aberto. Ou seja, dependem da resposta da audiência. A narrativa é construída passo a passo com a transmissão e pode variar de acordo com os fatores sociais, econômicos e políticos da sociedade em que está inserida. Por isso, não é raro ver séries que vão além do que as páginas dos livros apresentam. The Handmaid's Tale, Big Little Lies e 13 reasons Why são exemplos de adaptações que ultrapassaram a história contada nas obras literárias.
Às vezes, a série adapta o mais fielmente possível o original, porém insere cenas ou personagens que não estavam no livro. Isso acontece porque os produtores, roteiristas e diretores decidem o que é “bom para o público”. Ou às vezes o personagem adicional contribui para que, na televisão, a história continue a fazer sentido.


Adaptar uma obra que está num livro vai muito além de reproduzir citações. A obra literária foi feita para ser lida. Quando ela chega à televisão, ela se torna um produto com uma composição diferente e é feita para ser escutada (sons, músicas, diálogos) e vista (imagens, legendas, cores e movimentos). Passar o texto para a TV significa traduzi-lo e ajustá-lo às convenções próprias do gênero audiovisual. O público, antes leitor e agora espectador, precisa ter sensibilidade quanto a isso. Cobrar fidelidade da adaptação pode ser desastroso e perguntas como “Quem é melhor: livro ou série?” são injustas.

Apesar do vínculo tão forte entre literatura e televisão, são dois produtos distintos que não admitem comparações entre si. Cada produto deve ser valorizado, julgado ou comparado, exclusivamente, com os seus iguais, porque as características de cada um são diferentes. Ou seja: livros devem ser comparados com livros e séries devem ser comparadas com séries. E isso não impede que possamos imaginar que nossos livros favoritos, com histórias fascinantes, um dia se tornem séries adaptadas.
No encontro de abril, o Clube convida você leitor e espectador a discutir sobre as adaptações literárias nas séries de TV a partir do livro Anne of Green Gables. Para mais informações sobre o livro e o encontro, confira aqui.


27/abr – 15h
Livraria Leitura (São Luís Shopping)

ENTRADA GRATUITA
Marque presença no link do evento
Para ver o cronograma de leituras de 2019, aqui

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