22/02/2013

Sexta de Ficção: "O Guia do Mochileiro das Galáxias"


Olá, muito prazer, eu sou a Manú e essa é uma coluna diferente das outras aqui do blog. Mas “Don’t Panic!”, prometo explicar direitinho para você o que vai rolar por aqui:

Primeira coisa: eu não falarei somente de livros, mas também de ficção científica em geral e de tudo relacionado a eles, como séries, filmes, produtos, e até quadrinhos.

E segunda, mas não menos importante: eu não vou apenas falar das histórias dos livros, mas também desvendar que mensagens, na realidade, existem em suas entrelinhas e você ficará espantado (a)  quando perceber que em situações onde provavelmente você via a pura ficção, na verdade existiam fatores bem reais.

E para começar com o pé direito, decidi falar sobre um livro pelo qual sou apaixonada, “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, da Editora Sextante, escrito por Douglas Adams (meu autor de ficção científica preferido).



A primeira vista, o livro é claramente uma comédia, onde Arthur Dent, um inglês nada especial, se vê perdido quando a prefeitura de sua cidade decide derrubar sua casa sem aviso prévio para construir um desvio, mal sabia ele que não era a prefeitura o seu maior problema, mas sim o Império Galáctico - que funciona sem o nosso pleno conhecimento- desejando destruir a Terra para construir uma via expressa hiperespacial. Começa assim a sua aventura junto de Ford Prefect (extraterrestre amigo de Arthur e pesquisador de campo do Guia dos Mochileiros da Galáxia), Trillian (uma mulher super inteligente e a única humana, além de Arthur, que sobreviveu a destruição da Terra), Zaphod Beeblebrox (Um playboy espacial cheio de suas manias de grandeza) e Marvin (um robô maníaco-depressivo com a cabeça do tamanho de um planeta) a bordo da nave Coração de Ouro, movida pelo Gerador de Improbabilidade Infinita em uma história onde a resposta para a Vida, o Universo e Tudo Mais não é o que realmente importa, mas a pergunta certa a ser feita a partir dela.

O livro é uma comédia inteligente e Douglas Adams, apesar de achar que era péssimo escritor, possuía esse incrível dom e um humor  inglês impagável.

Mas Douglas não possuía somente essas qualidades, além disso, era altamente crítico em relação à sociedade e isso ele expressou em seu livro.

Douglas mostra claramente seu ponto de vista em relação às pessoas durante toda a história, como nos seguintes parágrafos:

“Uma das coisas que Ford Prefect jamais conseguiu entender em relação aos seres humanos era seu hábito de afirmar e repetir continuamente o óbvio (...) Ford elaborou uma teoria para explicar esse estranho comportamento. Se os humanos não ficarem constantemente usando seus lábios, eles grudam e não abrem mais. Após pensar e observar por alguns meses, abandonou essa teoria em favor de outra: se eles não ficarem constantemente exercitando seus lábios, seus cérebros começam a funcionar.”

Os homens sempre se consideraram mais inteligentes que os golfinhos, porque haviam criado tanta coisa – a roda, NY, as guerras, etc – enquanto os golfinhos só sabiam nadar e se divertir. Porém, os golfinhos, por sua vez, sempre se acharam muito mais inteligentes que os homens exatamente pelos mesmos motivos.”.

Ele evidencia o fato de que seres humanos se acham mais especiais do que são e que nós deveríamos refletir mais antes de falar qualquer coisa.

Além de fazer analogias ao descaso e burocracia do nosso poder público, em um trecho do diálogo entre Arthur e o Sr. Prosser (Chefe da operação que derrubaria sua casa):

“-O senhor teve um longo prazo a seu dispor para fazer quaisquer sugestões ou reclamações, como o senhor sabe - disse o Sr. Prosser.
-Um longo prazo? - exclamou Arthur. - Longo prazo? Eu só soube dessa história quando chegou um operário na minha casa ontem. Perguntei a ele se tinha vindo para lavar as janelas e ele respondeu que não, vinha para demolir a casa. É claro que não me disse isso logo. Claro que não. Primeiro lavou umas duas janelas e me cobrou cinco pratas. Depois é que me contou.
- Mas, Sr. Dent, o projeto estava à sua disposição na Secretaria de Obras há nove meses.
- Pois é. Assim que eu soube fui lá me informar, ontem à tarde. Vocês não se esforçaram muito para divulgar o projeto, não é verdade? Quer dizer, não chegaram a comunicar às pessoas nem nada.
-Mas o projeto estava em exposição…
- Em exposição? Tive que descer ao porão pra encontrar o projeto.
- É no porão que os projetos ficam em exposição.
- Com uma lanterna.
-Ah, provavelmente estava faltando luz.
- Faltavam as escadas, também.
-Mas, afinal, o senhor encontrou o projeto, não foi?
-Encontrei, sim - disse Arthur. – Estava em exibição no fundo de um arquivo trancado, jogado num banheiro fora de uso, cuja porta tinha a placa: Cuidado com o leopardo.”

Ele também se preocupava muito em transmitir a ideia de que os recursos naturais eram finitos e que estão acabando com avisos ecológicos em quase tudo que escreveu.

A todo o momento, Douglas passa mensagens sejam sobre como os humanos são erroneamente convencidos de que somos os únicos seres racionais no Universo, sobre como estamos acabando com nós mesmo enquanto matamos os animais e a natureza ou sobre o descaso dos políticos para com a população.

Por conta disso, O Guia do Mochileiro das Galáxias, que inicialmente era um programa de rádio, se torna um livro tão especial, mostrando de forma sutil, com um humor fino, todos os erros de nossa sociedade, ganhando até série na tv e filme. 


Embora Douglas Adams se declarasse um “ateu radical”, seus livros demonstram um sentimento claro e nítido de justiça e compaixão universais. 

E é por isso que ele se tornou um de meus escritores favoritos e este livro mudou muita coisa em meu ponto de vista crítico.

Se você gostou do que viu sobre o livro, aqui tem o link de onde você pode comprá-lo.

Abraço e até a próxima! ^_^





2 comentários:

  1. Manú, seu texto está ótimo, não saberia fazer melhor. Poderia preparar algo de Matrix, que trás um conceito de massa de manobra no quesito sociológico e filosófico. Assim como em Alice no país das Maravilhas.

    E porque não analizar Frankeenie e Estranho Mundo de Jack, do nosso estimado Tim Burton?

    Tem tudo para dar certo!!!

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    1. Obrigada, J.S. Freitas! Fico extremamente feliz por você ter gostado. =D
      Já estava com a intenção de falar de Alice e de Matrix e adorei a sua sugestão sobre O Estranho Mundo de Jack e Frankenweenie, principalmente. Ideias anotadas. o/

      Excluir

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